quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Conto Póstumo

Corria desenfreadamente. Na verdade só conseguia pensar em como os morcegos podem guiar-se no meio de tantas árvores no escuro. Eu já não tinha mais fôlego, mas meu corpo já não mandava mais nas minhas pernas, e mesmo se pudesse, eu não pararia de correr. Aquele homem continuava atrás de mim, eu podia sentir...saber.
E foi aí que tropecei! Porque toda vez, em alguma hora a gente tropeça? Caí. Meu reflexo foi de levantar e correr mais depressa ainda, mas não consegui, e fiquei ali, estático. Ele se aproximava, eu sabia, mas não podia vê-lo. De vez em quando parecia ver o reflexo da luz da lua na sua lâmina, mas acho que era só impressão. O medo alimenta nossas mentes.
Agora sim. Podia ver seu vulto, mesmo no breu, parecia ser magro. Estava perto. O ar rarefeito eriçava meus cabelos, foi a pior sensação de minha vida. Logo eu, sempre tão fã de filmes de terror psicológico, atacado por um maníaco sem razão. Ou talvez tivesse algum motivo! Semana passada, lembro que discuti com um homem na fila do banco... só pode ser isso! Mas não há tempo pra respostas. Sua lâmina estava cada vez mais perto.
Era incrível como não se ouvia nada naquela floresta, ou talvez a pressão e o medo tapassem meus ouvidos, pois a única coisa que eu consegui escutar era o som da sua faca ceifando minhas roupas. Não podia imaginar, que depois de um dia normal e cansativo de trabalho no Merry’s, depois de sair da casa da minha namorada Polly, seria atacado por um maníaco! Parece estranho falar assim, pois eu estava indo me encontrar com outra garota, mas só conseguia pensar em Polly. O assassino parecia ser bem mais fraco e magro do que eu, mas naquele momento, pra mim isso era ser muito forte.Quando o primeiro trovão iluminou a floresta, pude ver que a mão que me apunhalava era feminina. E não consegui pensar em mais nada, apenas ofegar e desviar instintivamente dos golpes da faca. Isso até o trovão seguinte, que iluminou a cena e foi então que eu pude ver o rosto do meu assassino e entender. Mas já era tarde, Polly cravava uma faca em meu peito.

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