sexta-feira, 13 de março de 2009

Sina nossa.

O meu humor varia de lar em lar, de bar em bar. Da forma com que segura um copo ou um corpo ou geme em um esforço quase inútil para modifica-lo. Ele muda como maus tratos mal vistos e abstratos a cada coração que visito e cada emoção que desdobro e cada unha que descasco, como tem de ser. E me serve de abrigo, pois abrigo nessa cidade não há. E me serve de depósito para cargas e mais cargas de sacos cheios de boas intenções, carinho e subserviência. E me serve de troféu pela abundante paciência que nos falta. E me serve de relógio, registrando, minuto por minuto, segundo por segundo, dia após dia, quanto tempo nos resta até a eternidade. E me serve de orgulho, por ser essencialmente inabalável e superficialmente frágil, como (todas) as coisas deveriam ser. E me serve de crachá, de aviso, de proteção, de fuga.E me servirá de consolo quando nada mais servir.O meu humor, que varia de bar em bar, de lar em lar, pode ter a forma de um copo ou corpo e gemer em um esforço quase inútil para modificar-se. Ele tenta mudar como maus tratos mal vistos e abstratos a cada coração que visita e cada emoção que o desdobra e cada ferida que descasca, como tem de ser. E não possui abrigo, pois abrigo nessa cidade não há. E não possui depósito, pois sacos, já cheios de boas intenções e carinho e subserviência, ficam cheios! E não recebe troféu, pela obrigatoriedade que carrega como fardo. E não possui relógio, pois é eternidade. E não tem orgulho, por ser superficialmente inabalável e essencialmente frágil, como (todas) as coisas são. E não possui crachá, aviso, proteção ou rota de fuga. E me servirá de consolo quando nada mais servir.Servirá de consolo quando nada mais me servir.

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